Um dia destes eu decidi ir com o meu irmão a um café tomar algo e estar lá um tempo agradável com ele. Eis que chegamos ao tal café, na qual a senhora educadamente nos cumprimentou e perguntou por onde é que eu andava visto que na aldeia todos se conhecem uns aos outros e também porque, neste caso, a senhora conhece a minha mãe então é super normal saber quem eu sou. Então eu respondi lhe bastante descontraída que estava num curso de “línguas e literaturas europeias” (resumidamente um curso de línguas). E vocês já esperam a reação dela, certo? Cito a seguir a frase proferida pela senhora: “Pois é, é a vida, não é?”. Que vida minha senhora? A minha vida está ótima como está! Eu não estou frustrada por não ter entrado no curso que queria, porque eu entrei na minha primeira opção e além disso não ingressei num curso só para parecer bem aos olhos dos outros (nomeadamente pessoas como você, que valorizam os “grandes” cursos como medicina e direito). Eu escolhi aquilo que sempre ambicionei para a minha vida sem pensar se isso iria ou não dar-me um “futuro” seguro, estável e agradável e adivinhe só: eu estou muito bem e feliz com aquilo que escolhi. Continua a ser rídiculo como é que nos dias de hoje ainda prevalece preconceitos como este que posso designar diretamente como absurdos e rídiculos. Cursar um curso de línguas é tão importante como estar num curso de medicina, de qualquer engenharia ou até mesmo direito. As pessoas não devem julgar as escolhas que cada um faz, não se deve por isso desvalorizá-las e comparar com outras, porque isso é totalmente errado. Cada área tem a sua importância e todas elas em conjunto permitem uma certa “harmonia” ou equilíbrio na sociedade. Assim como a medicina é necessária para curar pessoas, procurar curas para doenças e valorizar a saúde de cada ser humano, as línguas também são necessárias para o desenvolvimento de um ser humano, porém a nível intelectual, ou seja, as línguas possibilitam o conhecimento de determinado idioma, permite ensinar-nos de alguma forma a falar e escrever corretamente, facilita-nos uma melhor comunicação porque sabendo qualquer língua nós podemos ir a qualquer lado, podemos conhecer qualquer cultura e podemos interagir com pessoas totalmente diferentes de nós e isso é tão bom e importante para um ser humano. O que seriamos sem a medicina e as suas fantásticas descobertas para curar milhares e milhares de pessoas? Provavelmente, não existiria seres humanos no planeta terra porque nenhum de nós seria capaz de resistir a qualquer doença caso a medicina não evoluísse. Mas, por outro lado, o que seriamos nós sem as línguas? Como iriamos comunicar uns com os outros? Como iriamos entender o mundo à nossa volta? Como iriamos criar histórias fantásticas? E mais importante ainda, como iriamos aprender outras matérias ou sobre o mundo em geral sem o uso das letras e das línguas? As línguas são importantes! As línguas têm futuro (seja lá o que as pessoas entendam por essa frase)! Elas são, digamos assim, a base de qualquer povo. Qualquer presidente ou rei/rainha tem que saber falar corretamente e de forma coerente e convincente para o seu povo, para o mundo. Eles tem que aprender certas técnicas para cativar uma nação através do seu discurso, que se espera que seja cativador, desafiante e inspirador para todos. E onde entra a medicina nisso? Ou um dentista? E que tal um engenheiro? Com isto, não quero dizer que pessoas nessas “áreas prestigiadas” não saibam ler nem escrever corretamente. Não é isso que quero transmitir e peço desculpa se é essa a ideia que estão a ter até agora. O meu objetivo é salientar que realmente as línguas têm importância e não devem ser desvalorizadas da forma que são. Admito que a ideia de comparar uma área com a outra não me agrada, até porque tenho em meu consciente que não se deve comparar nada, mas sejamos sensatos: as pessoas que pensam que as línguas não tem importância no fundo o que fazem é comparar com profissões que “tem futuro” e normalmente estas são as áreas que elas pensam imediatamente, então por essa linha de raciocínio e se desta forma errada for mais fácil de dar a entender às pessoas que as línguas também “tem futuro” então que assim seja. As palavras são uma arma poderosa! Estas quando usadas de uma forma habilidosa e inteligente podem afetar negativamente ou positivamente. Não proferi-las pode causar futuramente imensos arrependimentos e às vezes proferi-las “da boca para fora” pode levar a mal entendidos irremediáveis. As palavras são muito poderosas! Elas tem a capacidade de mudar o humor de qualquer pessoa, tanto para fazer sentir bem alguém ao elogiar ou como também para desanimar dizendo coisas mais desagradáveis. Quando usadas de forma inteligente e habilidosa podem ter um grande impacto. Quem é que não fica focado de início ao fim numa palestra em que o palestrante tem a fantástica capacidade de articular o seu discurso de forma a captar toda a atenção do seu auditório?As palavras são por isso necessárias! Elas devem ser ditas e não guardadas, porque elas são a base de qualquer comunicação. Citando Joseph Jaworski “É através da linguagem que criamos o mundo, porque ele não é nada até que o descrevemos”. Ou seja, a linguaguem é fundamental para entender o mundo que tentamos descrever. Nós temos por hábito tentar definir alguma coisa com apenas uma palavra. Eu se pudesse atribuir apenas uma palavra para definir o que as línguas representam eu atribuiría o verbo “SER”. Com as línguas nós podemos ser o que quisermos e ir onde quisermos. As atitudes não são mais importantes que as palavras. As palavras quando “vazias”, sem sentimento, sem “sabor” e sem valor, não valem nada e podem ser prejudiciais em vários sentidos. Uma palavra é tão importante como uma atitude. Vamos imaginar, por exemplo, que vocês são super carinhosos com o vosso companheiro/a, dão sempre flores, levam essa pessoa a um jantar romântico ou levam a um programa a dois, sem palavras, sem nenhum dizer nada um ao outro. Acham que mesmo fazendo essas atitudes que revelam que até querem passar mais tempo com a pessoa que amam tem importância sem o acompanhamento da comunicação, das palavras? É importante dizer. É importante demonstrar através das palavras. É importante acrescentar a essas atitudes as palavras, aquilo que a pessoa quer ouvir porque supostamente é o mesmo que sentem um pelo o outro e isso é sempre importante dizer, seja em que ocasião for. Se vocês não falarem frequentemente aquilo que sentem por alguém seja de qualquer maneira, acham que é algo saudável? Algo que nos vai agradar? Porque acho que ninguém prefere o silêncio dessas palavras que dizem aquilo que realmente sentimos. E apesar, de se achar que com o tempo elas podem se tornar “gastas”, na verdade elas terão sempre o mesmo significado e o mágico é que elas podem ser ditas de inúmeras maneiras. Então falar, dizer, proferir e expressar é importante! Neste exemplo que dei, o que seria dessa relação se apenas de baseasse nessas atitudes? As palavras também seriam necessárias. Até porque como diz aquela frase muito senso comum “a comunicação é a base qualquer relação”, e com isto digo de qualquer relação, não só de amor. “Oh Vera, mas onde entra aqui a importância das línguas?”. Calma amigos. Está tudo interligado. Palavras, todas as línguas tem. “Oh está bem, isso toda a gente sabe, mas um curso de línguas não te vai ensinar como as palavras são importantes e nem vai fazer com que um dia no futuro tenhas sucesso e sejas importante ensinando como a comunicação é importante em qualquer situação”. Realmente não. Se pensaste isso ou algo parecido, tens razão. Realmente, as línguas não se baseiam só nisso. Eis aqui a seguir uns pequenos pontos que realçam ainda mais a importância e a vantagem que é aprender outros idiomas além do nosso (fonte: fluentin3months).
-“Abre um mundo de oportunidades de trabalho”. Este é o motivo mais óbvio. Digamos que, nos dias de hoje, ter uma segunda língua no currículo é tão importante como o nosso bilhete de identidade. Qualquer pessoa que deseja trabalhar no estrangeiro tem que saber minimamente algo do idioma do país para a qual vai. E além disso, é sempre mais um ponto a favor: o número de línguas que sabemos falar e que estão presentes naquilo que nos pode dar oportunidades excelentes de trabalho. Vejamos um assistente de bordo. Está constantemente em contacto com várias pessoas de vários países e por isso, neste caso, é obrigatório que saiba de certa forma comunicar-se facilmente com os outros. O mundo cada vez mais nos “obriga” a aprender línguas e isso significa que precisam de profissionais que espalhem esses saberes (um curso de línguas é importante e tem futuro);
-“Dá impulso ao cérebro”. Já estamos fartos de saber e inclusive já foram feitos vários estudos que comprovam que aprender uma língua tem vantagens para o nosso cérebro. Algumas delas: “melhora” a nossa memória, “melhora” a nossa atenção e reduz o risco de declínio cognitivo relacionado à idade. Resumidamente, não há uma idade para aprender uma língua. Sejas novo ou velho isso vai te trazer vantagens (não só cerebrais);
-“Estabelece profundas conexões e relações de amizades com pessoas de outras culturas”. Okay é verdade, nós não conseguimos aprender todas as línguas existentes no planeta para falar com todas as pessoas de todas as culturas. Mas se nós temos interesse em aprender nem que seja acerca de uma só cultura, nós devemos fazê-lo. É um aspeto bastante positivo, o facto de ter contacto com pessoas que não pertencem à nossa realidade, que não falam a mesma língua que nós e que não estão habituadas às nossas tradições. Essa troca cultural é um aspeto bastante positivo para qualquer ser humano. Além de nos abranger o conhecimento sobre determinada cultura, também nos vai permitir ter uma visão mais abrangente da realidade à nossa volta;
-“Dá-nos uma perspetiva fora da nossa própria cultura”. Esta está um bocadinho relacionada com a anterior. E de maneira a não me tornar repetitiva, realço que aprender acerca de uma cultura diferente da nossa vai nos abrir novos horizontes. Vai fazer com que não estejamos limitados a uma realidade (a nossa, a que estamos habituados a conviver todos os dias);
-“Vais tornar-te uma pessoa interessante e conhecerás também pessoas interessantes”. “Oh Vera, estás a dizer que uma pessoa que seja monolíngue não é interessante?”. Tenham lá calma, okay? Não foi isso que quis dizer. Na verdade, o facto de saberes uma segunda língua vai tornar-te uma pessoa, digamos, mais cool. Uma pessoa que vai conseguir manter conversas com uma pessoa totalmente diferente da sua cultura e isso é interessante. Quer dizer que te podes desenrrascar facilmente no meio dessa cultura e como já disse anteriormente, serás um “open-minded” em relação a vários assuntos. So, “Be fun! Be interesting! Be multilingual!”;
-“Vais aprender melhor”. Isto quer dizer, que ao aprenderes uma língua vais ter mais facilidade em assimilar outra. Pelo simples facto, de que o teu cérebro vai apreender mecanismos e técnicas que involuntariamente utilizaste na aprendizagem da tua língua ou de outra língua que tenhas aprendido sem ser a tua. Isso é um ponto que podes usar muito a teu favor. Quando deres por ela, já vais ser um poliglota e sem te teres apercebido disso antes.
Enfim, limitei-me a deixar alguns pontos das vantagens de aprender uma língua, mas existe inúmeros para além destes mencionados. De facto, as línguas tem importância, porque elas são a base de tudo e mergulhar nos estudos das mesmas é um mundo fascinante e bastante interessante. Toda a gente precisa de aprender uma língua além da sua, seja para viajar, para comunicar, para discursar, para escrever, para fazer trabalhos, para arranjar um trabalho e por aí vai. Então pessoas ignorantes que criticam e tem “pena” de nós, parem com isso! Sejam mais “open-minded” e sobretudo, acompanhem a evolução do mundo. Não fiquem presos no vosso passado ignorante em que ser padre é que era e ser médico era sinónimo de ser um herói. As palavras também salvam muitas mentalidades. A literatura também salva muitas pessoas. A aprendizagem de línguas também nos salva da ignorância. As pessoas que cursam artes, línguas, teatro, música, filosofia, história (...) também tem valor. Também tem importância e sobretudo, também “tem futuro”. Isso vai depender de cada um. A sorte somos nós que a fazemos e se nós quisermos podemos ser tudo aquilo que quisermos. Isto não é sonho, não é ilusão e muito menos “macaquinhos da minha cabeça”, é a realidade. Se deixarmos de ser conformados, pessimistas e preguiçosos, e nos agarrarmos com “unhas e dentes” àquilo que gostamos de fazer, nós “teremos futuro”.
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