"Gone with the Wind" (by Victor Fleming)
É um dos meus filmes favoritos... É assim que posso começar por denominar este filme, e é com ele que quero iniciar estas crónicas. “E Tudo o Vento Levou” é um clássico, uma película imponente a todos os níveis, com uma banda sonora poderosa, figurinos que nos transportam para a época, e interpretações que ainda hoje lembramos, apesar de terem sido já quase 80 anos (é verdade!).
Foi em 1939 que estreou esta obra, a cores, com cenários realísticos e com uma história por quem tantos se apaixonaram.
“E Tudo o Vento Levou” pode ser tomado, erradamente, como um conto de amor, mas o amor que nele impera é o amor próprio da personagem principal, Scarlett O’Hara, a heroína da sua própria história. Ao contrário dos actuais romances que vemos no cinema e televisão, este filme tem uma verdadeira narrativa por trás, e não tem um final feliz.
O filme inicia-se no período que antecede a guerra civil americana, um período de prosperidade nos estados do sul dos EUA, e Scarlett é uma típica “southern girl” americana, dona de uma beleza invejada por todas as outras raparigas da terra, e capaz de fazer cair a seus pés todos os rapazes “elegíveis”. Tudo corre bem na vida desta jovem, é filha de um pai abastado, dono de campos de algodão na Georgia, e desfruta da sua preferência, em relação às outras duas irmãs, retratadas com pouca simpatia ao longo do filme.
Mas Scarlett, como todas as raparigas da sua idade naquele tempo, sonhava casar, e não com nenhum dos seus inúmeros pretendentes, mas com Ashley Wilkes,que fica prometido à sua prima logo nos primeiros minutos do filme. E é numa cena de fúria de Scarlett ao perceber que não será ela a desposar o seu amado, que conhece Rhett Butler, o homem que estará presente em todos os momentos da sua vida, numa relação amor-ódio, que conquista todos os telespectadores.
Mas não é a isto que se resume esta maravilhosa obra. Apesar de serem as personagens principais e de a sua trama passar entre o amor e o drama, sem se poder desvendar mais para não retirar o prazer a quem ainda não teve oportunidade de ver, há muito mais nesta história para ser falado. Todo o período da Guerra Civil e a consequente abolição da escravatura é bastante tratada ao longo do filme, uma vez que nos Estados do Sul, principalmente nos campos de algodão, as famílias brancas dependiam quase exclusivamente dos seus escravos. Há até quem refira tratar-se de um filme racista. Não concordo em nada com estas opiniões. Não é racista retratar as relações pessoais entre escravos e senhores, e não é negando que aconteceu que serão esquecidos e perdoados os actos.
Não querendo alongar o já longo texto, refiro que a lição principal desta história e a perseverança da heroína, que deixa de ter uma vida abonada e vê-se numa situação de miséria que nunca pensou e para a qual não foi minimamente preparada. É em si própria que vai buscar a força necessária para ultrapassar as situações difíceis, e é dessa mesma força que vão depender muitas das outras personagens.
“E Tudo o Vento Levou” é uma história de conquista pessoal, de persistência e de aprendizagem, temperada com relatos da história dos EUA e romance, fazendo-me apaixonar por ela vezes sem conta. Recomendo com o coração.
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