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A Importância do Enoturismo na Cultura Portuguesa (by Pedro Maia)



Cada vez mais, em Portugal, o enoturismo esta a tornar-se na moda, não só por turistas internos como por turistas externos. Como funciona a produção de vinho? Como se avalia a sua textura, o seu sabor, o aroma do vinho? Quanto tempo deve ficar armazenado? Como decantar um vinho? São algumas das questões que as pessoas mais se interessam bem como uma boa apreciação da paisagem e, claro, o seu bem-estar. Outro dos pontos sobejamente importantes é a conjugação entre a gastronomia e o vinho, onde nos leva a uma outra dimensão a nível de sabores. O enoturismo tem vindo a crescer em Portugal, tendo como principal foco as regiões vitivinícolas. Mas o que é o enoturismo? Tradicionalmente, o enoturismo está associado a visitas a vinhas, estabelecimentos vinícolas, festivais de vinho, entre outros; onde o turista tem como motivação principal a prova dos vinhos das respetivas regiões. Num sentido mais científico, o enoturismo é uma viagem baseada no desejo especial de visitar as regiões produtoras de vinho ou os visitantes são induzidos a visitar regiões que são produtoras de vinhos, no âmbito de viagens realizadas por outros motivos. Tem por objetivo promover o conhecimento das variadas etapas do processo produtivo do vinho bem como dos seu aromas e sabores. Neste segmento, é necessário vivenciar a cultura e a tradição do destino turístico de forma a contextualizar a importância histórica desta atividade agrícola na região, e conciliar com a gastronomia local com dicas de harmonização e proporcionando experiências únicas e inesquecíveis criando diversas atividades tais como a participação no processo de vindimas. A Federação Australiana para Produtores de Vinho define enoturismo como uma “visita a adegas e regiões vinícolas para experimentar as qualidades únicas do estilo de vida contemporâneo da Austrália associado ao gosto pelo vinho, incluindo vinho, gastronomia, paisagem e atividades culturais.” Segundo Hall e a sua perspetiva de oferta, o enoturismo está estruturado e organizado em torno de rotas do vinho. É um produto turístico caracterizado por diversos percursos sinalizados e publicitados, que estão organizados em rede, e envolvem explorações agrícolas e outros estabelecimentos abertos ao público, estruturadas devidamente sob a forma de oferta turística especifica. Tal como a gastronomia este produto está muito ligado a atividade culturais, naturais e sociais, associadas às regiões vitivinícolas. Os turistas gastronómicos e os enoturistas são motivados pela gastronomia ou pelo vinho e são de facto entendidos na matéria ou pelo menos procuram sê-lo. O turismo gastronómico e o enoturismo são conceitos que estão intimamente relacionados. A prová-lo desde logo está a decisão por parte do Turismo de Portugal, I.P, de considerar a gastronomia & vinhos como um dos 10 produtos estratégicos para o desenvolvimento do turismo em Portugal. O Enoturismo é considerado um produto turístico em que é constituído por recursos tais como as adegas, os vinhos, as vinhas e as restantes infraestruturas que traduzem numa motivação para os visitantes o que confere a autenticidade e a experiência singulares que os turistas necessitam e que contem forte presença de elementos tangíveis e intangíveis. Portugal é um país com bastante tradição vitivinícola sendo reconhecida internacionalmente. O Douro e o Alentejo são as regiões onde se concentra o maior número de espaços dedicados ao enoturismo. Atualmente em Portugal existem 31 denominações de origem e 10 indicações geográficas. As designações oficiais são designadas da seguinte forma: Vinho Regional, Vinhos de Mesa e os Vinhos de Qualidade produzida na região denominada. Para além das designações Portugal possui também 15 Museus do Vinho. No que toca aos organismos e entidades do setor os que se destacam são: a Associação Nacional das Denominações de Origem Vitivinícolas; as Comissões Vitícolas Regionais; o Instituto da Vinha e do Vinho; o Instituto do Vinho da Madeira; o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto e ViniPortugal. Para além destas entidades existem também as duas dezenas de confrarias.

Portugal apresenta um conjunto de produtos gastronómicos com denominação de origem e indicações protegidas nomeadamente: o azeite, os enchidos, os queijos entre outros. As principais entidades deste sector são: a Associação de Restauração e Similares de Portugal; a Associação de Cozinheiros e Pasteleiros de Portugal, o Centro de Formação Profissional do Sector Alimentar, a Federação da Restauração, Cafés, Pastelarias e Similares de Portugal; o Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulico e o Turismo de Portugal. As rotas de Gastronomia e Vinhos estão pouco desenvolvidas e estruturadas a nível de produto turístico. São poucas as infraestruturas e serviços que estão adequados a nível de horários de funcionamento, pessoal qualificado, espaço apropriados para visitas, para as provas de vinhos, etc. Existem 11 rotas de vinhos, cada um com, em média, 23 caves associadas. As rotas existentes são: a Rota dos Vinhos Verdes; Rotas do Vinho do Porto; Rota de Vinhos do Dão, Rotas da Vinha e do Vinho do Oeste; Rotas do Vinho do Alentejo, Rota da Vinha e do Vinho do Ribatejo, Rota do Vinho da Bairrada, Rota das Vinhas de Cister, Rota dos Vinhos da Beira Interior, Rota dos Vinhos de Bucelas, Colares e Carcavelos; Rotas dos Vinhos da Península de Setúbal. Uma das regiões mais fortes neste sector do turismo é a região do Porto e Douro. Esta região esta subdividida em três zonas demarcadas: o Baixo Corgo (até à Régua), no centro o Cima Corgo (até ao Cachão da Valeira) e a leste, o Douro Superior (até à fronteira espanhola). O Baixo Corgo é a zona mais fértil, fria e chuvosa, coberta pela influência marinha da Serra do Marão. O Cima Corgo é local onde se produz Porto Fino e é o local onde se produz melhor produção de vinho fino não fortificado. O Douro Superior é uma zona predominantemente selvagem e isolado, sujeito a climas extremos, onde os invernos são muito frios e verões são extremamente quentes, limitando atividade vitivinícola. Esta região é considerada Património Mundial da UNESCO.

Nesta região existem alguns pontos onde a sua beleza é incomparável tais como: o Peso da Régua, localidade situada no distrito de Vila Real; o Pinhão, uma bonita vila situada na região norte do país, situa-se na margem direita do Rio Douro sendo considerada o coração do Alto Douro vinhateiro; Miranda do Douro, uma cidade de origem muito antiga, já ocupada por romanos e árabes, é composta por uma extraordinária beleza natural; Barca D’Alva, situada na margem esquerda do Rio Douro, esta inserida na área do Parque Nacional do Douro Internacional e é um dos pontos de passagem dos Cruzeiros Turísticos que atravessam o rio Douro; entre outras. A nível turístico, esta região oferece-nos: uma viagem no comboio histórico junto ao rio Douro; a visita a caves de vinho do porto tais como: o Sandman, Graham's entre outros; cruzeiros através do rio Douro onde sofre várias variações desde: cruzeiro com fado ao vivo, cruzeiros com almoço ou jantar a bordo; excursões através das regiões do Douro. A nível de alojamento, nesta região, são oferecidos estabelecimentos de alta qualidade, tais como: o The Yetman que oferece uma grande variedade de atividades neste ramo de turismo tais como: programas de provas, seminários e jantares vínicos; a Quinta da Romaneira dos Sonhos situada em Alijó; o Aquapura Douro Valley localizado em Lamego, o Douro Palace Hotel Resort & Spa siutado em Baião, a Quinta de la rosa situada no Pinhão. O turista de gastronomia e vinhos é um tipo de turismo em franco crescimento e desenvolvimento em Portugal, atualmente, sobretudo nas regiões do Douro e Alentejo. A implementação de hotéis vínicos baseados num conceito assente na gastronomia tradicional portuguesa revela-se uma estratégia acertada para captar este tipo de turistas. O perfil geral do turista que visita o nosso país está atualmente, no geral, muito bem definido e caracterizado.


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